COMO AS TECNOLOGIAS ESTÃO REVOLUCIONANDO A MANUTENÇÃO DE ATIVOS NO SETOR DE ÓLEO E GÁS?
Por Juan Ferrari, Co-founder e Gerente Comercial da Fracttal Brasil.
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Desde a década de 1980, a tecnologia tem sido utilizada no segmento de óleo e gás de maneira reativa para inspeções manuais e ações corretivas. No entanto, foi a partir dos anos 2000 que investimentos começaram a ser amplamente destinados a abordagens preventivas, com sistemas informatizados e soluções como o Supervisory Control and Data Acquisition (SCADA), o que proporcionou ganhos significativos para a manutenção de ativos do setor.
Entretanto, os benefícios relacionados à prevenção vão além de questões ligadas ao cotidiano das empresas do segmento. Ao longo dos anos, diversos casos emblemáticos demonstraram como a negligência na manutenção de ativos pode resultar em consequências catastróficas, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Exemplos como o vazamento da plataforma Deepwater Horizon, da BP, em 2010; a explosão da refinaria de Texas City, também da BP, em 2005; o desastre de Piper Alpha, da Occidental Petroleum, em 1988; e a explosão da plataforma P-36, da Petrobras, em 2001, são provas disso. Além das perdas humanas irreparáveis, esses eventos acarretaram prejuízos bilionários para as empresas responsáveis, evidenciando o impacto direto da gestão de ativos na segurança e na sustentabilidade.
Diante disto, ao possibilitar decisões baseadas em dados e maior visibilidade dos ativos, o emprego de recursos tecnológicos para a realização de manutenções preditivas e preventivas aumentou significativamente a segurança de equipamentos e pessoas, possibilitando às empresas do segmento realizarem um planejamento mais assertivo da atividade industrial, além de reduzirem custos e estenderem a vida útil de maquinários.
Importância da manutenção industrial
Em vista desse cenário, 29% das empresas do setor afirmaram planejar investir em operações e gestão de ativos operacional no futuro próximo, tornando a gestão industrial uma tendência para o setor, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), em 2022.
As últimas décadas foram marcadas pela digitalização desse processo, impulsionada pela união de inovações com as ferramentas tradicionais utilizadas no segmento. Isso se deu, principalmente, por meio de sensores com tecnologia Internet of Things (IoT), capazes de coletar dados em tempo real e monitorar parâmetros como temperatura, pressão e vibração, além da análise de grandes volumes de dados com Inteligência Artificial (IA), que tem o potencial de prever falhas, identificar padrões e otimizar planos de ação.
Ainda de acordo com o IBP, 34% das empresas respondentes já utilizam instrumentação inteligente com IoT e 41% pretendem explorar essa implementação em um futuro próximo.
Nesse contexto, outros avanços relevantes estão relacionados à criação de réplicas dos ativos, os chamados Digital Twins, que permitem a realização de simulações preditivas e a otimização de desempenho, bem como o desenvolvimento de softwares de gestão de manutenção (CMMS).
Benefícios complementares da gestão de manutenção de ativos
Aliadas às possibilidades de eficiência de dados, as tecnologias facilitam, ainda, a mobilidade e o acesso remoto. Equipes em campo, mesmo offline, têm acesso às ferramentas e informações necessárias, contribuindo para a eficiência das operações distribuídas geograficamente.
Atualmente, esses recursos convertem o fluxo de dados em ações preventivas precisas, com a identificação de riscos como vazamentos, vibrações anormais ou superaquecimentos, garantindo conformidade a normas rigorosas. Além disso, a visão unificada dos ativos, desde válvulas submarinas até turbinas, é fundamental em ambientes de alto risco, como plataformas offshore ou refinarias, e permitem que gestores priorizem recursos com base em critérios técnicos e econômicos.
Todo esse processo, contudo, conta com desafios para a sua execução. A modernização do maquinário e a implementação de novas soluções digitais representam pontos de atenção para o planejamento de custos, a capacitação de equipes para operar e interpretar as novas ferramentas, a proteção de sistemas e dados contra possíveis ataques cibernéticos e a integração compatível com softwares já existentes.
Além de todos esses benefícios, a manutenção industrial 4.0 contribui diretamente para os objetivos de Environmental, Social & Governance (ESG). Isto porque as tecnologias digitais reduzem emissões e desperdícios materiais, garantem segurança operacional para colaboradores e comunidades, promovem transparência aos stakeholders e eficiência aos processos. Consequentemente, investir nesses serviços no setor de óleo e gás aumenta a confiabilidade dos ativos e permite uma gestão mais estratégica dos custos e dos recursos.
Futuro das tecnologias na manutenção de ativos
A integração de tecnologias como IoT, IA e as análises preditivas e preventivas solucionam gargalos específicos desse segmento, seja com a redução da necessidade de intervenções corretivas emergenciais, a conformidade com regulamentações ambientais e trabalhistas, prevenindo multas e paralisações inesperadas, ou a melhor gestão e diligência financeira da produção e dos ativos.
Essa evolução transforma a gestão de manutenção em um ecossistema estratégico, equilibrando demandas globais por energia limpa, competitividade e redução de riscos, ao passo que aceleram a transição energética e fortalecem a resiliência operacional das empresas.
Dessa maneira, utilizar ferramentas adequadas que garantem a evolução da gestão de ativos é o principal diferencial para que uma empresa se mantenha alinhada às contínuas inovações na manutenção industrial na área de óleo e gás.
Nesse sentido, as indústrias do segmento que investem em manutenção 4.0 e soluções completas e personalizadas para as particularidades dessa área, combinando softwares avançados, inteligência artificial, dispositivos IoT e integrações robustas, terão vantagem competitiva e garantirão mais perenidade aos negócios em relação aos que se mantiverem operando reativamente e sem base em dados confiáveis.
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